Darren Criss em Hollywood, o que deu errado? Um dossiê sobre um eterno artista classe C
POV: o ano é 2009 e você é um estudante da Universidade de Michigan. A notícia do momento é uma produção musical escrita, dirigida e produzida pelos alunos de Belas Artes. Um musical sobre o que? Harry Potter. A Very Potter Musical foi um projeto do grupo de teatro da Universidade eternizado ao ser upado, na íntegra, no Youtube. Em meados de 2010, fãs de Harry Potter (e, por que não?, de teatro musical em si) no mundo todo já conheciam a peça onde o Draco Malfoy (antagonista) roubava a cena, a ser interpretado por uma garota com um timing impecável pra comédia - e, é claro, a icônica música Granger Danger, dueto de Ron Weasley e Draco Malfoy descobrindo, juntos, seu amor por Hermione Granger.
O sucesso foi grande (no mundo das interwebs), mas não o necessário pra trazer o estudante que interpretava o próprio Harry Potter ao estrelato - que não só atuou, mas também escreveu e compôs grande parte dos memoráveis momentos musicais apresentados. Mas tudo bem, porque nem seis meses depois do sucesso repentino da peça de teatro, nosso garoto de cabelo cacheado estaria gravando um vídeo de audição para outro projeto musical - um televisivo, dessa vez. O vídeo de audição eventualmente chegou nas mãos Dele, que hoje tem um império de programas televisivos ruins, o primeiro em seu nome a ser um escritor tão ruim que se consolidou como produtor: Ryan Murphy.
Nosso garoto de cabelo cacheado já não era mais conhecido por cantar Back to Hogwarts no violão, ou errar as falas do próprio musical que ajudou a escrever. Agora ele era uma mini, mini estrela em ascensão, cheio de possibilidades ao chegar em Hollywood recém saído da Universidade. Darren Criss agora era conhecido por Blaine Anderson, nosso gay adolescente favorito, eternizado por gravatas borboletas, muito gel no cabelo e, é claro, o principal romance gay da televisão entre 2010-2015: o casal Klaine (Kurt Hummel + Blaine Anderson).
Mas esse não é um texto sobre Glee, ou sequer sobre Klaine - que, convenhamos, confessem!, é a melhor parte de Glee. Esse texto provavelmente vai vir algum dia, porque a gente (eu) tem que debater sobre como algo pode começar tão bem e despencar ladeira abaixo tão rápido, mas que o decair é do homem (temporadas 4-5) e o levantar é de Deus (temporada 6, sem ironia). Mas hoje não. Hoje a gente vai falar só Dele - nossa estrelinha de cabelo cacheado, e sobre por que a estrelinha nunca nasceu de fato. Continua como um meteorito. Darren Criss podia ter sido um dos grandes, um marco - tinha o apoio, a plataforma, os conhecidos. O que deu errado?
Vamos pelo mais fácil. O que deu certo? Bem vindos à gloriosa award season de 2018/2019, os maiores anos da carreira do nosso DC: depois da estreia de The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story (produzida e assinada por quem? Ele mesmo), Darren era o menino dos olhos das críticas. No maior papel de sua carreira televisiva, ao interpretar o psicopata Andrew Cunanan, assassino de Gianni Versace, corroborando com a consolidação de Donatella como chefe da marca Versace, Darren Criss fez a limpa em todos os prêmios da temporada, faturando 1 Emmy, 1 Globo de Ouro, 1 Critic's Choice (e sermão da Lady Gaga na mesma noite), 1 Screen Actors Guild e 1 Satellite Award (sei nem o que é isso).
Me lembro muito bem de acompanhar toda essa temporada de premiação incrédula e abobalhada de ver nosso menino sendo reconhecido! De vê-lo sentado entre os grandes! De estarem notando algo que eu sempre soube! Na noite do Emmy, pessoas ME parabenizaram. Pessoas me desejaram boa sorte. Era esse meu nível de comprometimento com o maior (e talvez único) ato de Darren Criss em Hollywood. Isso era significativo! Ele ganhou pro Benedict Cumberbatch! Ele cresceu, sabe que cresceu, e agora sim virará nossa estrela classe A! Com paparazzis seguindo na rua, participando de eventos relevantes, atuando em outros grandes papéis. E então...
Nada. E então nada.
No maior anticlímax da história das carreiras, Darren Criss voltou pro que sabia fazer de melhor: ser um artista classe C. E tudo bem, a gente gosta de artistas classe C: Rita Ora, que tem um nome conhecido mas não passa pra nada além disso. Kerline do BBB21, nossa subcelebridade favorita. Todo mundo tem um artista classe C de estimação. Mas o que houve, Darren? Entre conseguir um emprego na televisão meses depois de formado, ser apadrinhado pelo maior da televisão (Ryan Murphy é péssimo sozinho, mas é ótimo em apadrinhar pessoas, ver: Sarah Paulson), fazer arrastão nos mais importantes prêmios televisivos... É curioso, no mínimo.
E é por isso que eu vou dar meus 10 trocados e discutir Motivos Pelo Qual Poderia Ser Mas Não Foi, uma pesquisa necessária - mas não séria. Definitivamente não séria. Por favor, não me levem a sério - (N/A: levem. sempre me levem a sério).
1. Darren Criss não é LGBTQ+...
...para choque de todos. Tudo bem ter héteros no mundo, isso não seria um problema (seria), até você reparar que estabeleceu toda sua carreira em personagens LGBT. De Blaine Anderson (gay), a Andrew Cunanan (gay psicopata), a Hedwig (queer), Darren Criss ficou conhecido e estabelecido como um ícone gay - algo que não chegou a passar dos seus personagens. Darren foi obrigado a sair do armário várias vezes, não pra relevar que era LGBT, mas sim pra esclarecer que era um homem hétero.
Vocês vão achar que eu estou exagerando sobre isso até eu pontuar aqui que ele realmente se pronunciou e comprometeu a não mais aceitar papéis LGBT para interpretar: "I want to make sure I won’t be another straight boy taking a gay man’s role", ele disse, depois de já ter tirado uns 4 e ganhar toda a fortuna dele até então em cima disso.
Não quero entrar na discussão - na seriedade -, de ser aceitável ou não que um homem cis hétero interprete personagens LGBT. Deus me livre, já chega de coisas sérias, esse não é esse tipo de blog. Só quero escrever por diversão. Dito isso, meus dois neurônios concluem que Darren Criss seria tão mais celebrado por aí se ele fosse só... gay.
:p
2. Darren Criss é brega (e a esposa dele também)
Eu nem sei se quero escrever sobre esse ponto, porque me dói a vista e vai arruinar a estética do meu blog. Mas por fora dos eventos de Hollywood, por fora dos Met Galas e festivais na Itália, Darren Criss é só mais um homem brega.
Essa é a sala dele.
Tipo? Tem perdão? Não tem.
Muito da breguice do Darren é o que eu mais gosto dele, na verdade. Me dói os olhos, mas me abraça o coração. Como assim... um homem com dinheiro e reconhecido pela crítica, mesmo que apenas uma vez... vive assim... damn bitch u live like this? Andando de regata, chinelos, chapéu de atlética e bermudas cor de rosa no centro de Los Angeles?
Quando o Darren casou (não, gente, não foi com um homem! oooo já avisei!), nem meus maiores pesadelos me prepararam pro show de breguice que foi o encontro civil e matrimonial das duas mais bregas pessoas que já moraram no planeta Terra. A breguice da esposa do Darren, a Mia von Criss (começa por aí - ela atribuiu o sobrenome do marido ao nome artístico, Mia Von Glitz. Sim. Eu nem consigo inventar uma coisas dessas), chega a ser pior do que a dele mesmo - o que é uma maldição ou uma dádiva, depende do ângulo que você analisa.
Toda a dinâmica Mia & Darren é um prato cheio para estudos antropológicos. São tantas nuances espetaculares que aqui eu luto pra selecionar minhas favoritas. Uma vez uma amiga me disse que os dois passaram a vibe daqueles casais que você sabe que a mulher é a ativa - e que ela provavelmente tinha uma cinta strap pra usar com ele. Os dois são literalmente essa atmosfera.
Eu vou deixar o link de uma matéria da Vogue com tudo que rolou no casamento dos dois, simplesmente porque não tenho espaço o suficiente pra destrinchar - e esse foi só um dos eventos.
Mia e Darren também tem um piano bar juntos, o Tramp Stamp Granny’s em Los Angeles, diretamente inspirado no Marie’s Crisis Cafe de Nova York - um café/piano bar que grandes nomes da Broadway vão pra cantar showtunes com todo o público. A estética do bar da Mia e do Darren, no entanto, é ser trashy - segundo eles. Uma atmosfera bem casa de avó imoral que gosta de falar a palavra "priquito" porque acha engraçado. O bar já conseguiu reunir o elenco do finado Glee pra cantar Don't Stop Believing, com um Darren bêbado acompanhando no piano, sem saber as letras, uma vez que ele não cantou a música mais famosa da própria série. Não é uma ideia ruim pra bar - eu adoraria! Só é... brega. Assim como eles. É totalmente eles.
3. Darren Criss lança músicas péssimas
Escuta. Pra alguém que foi responsável por Granger Danger (que eu não ironicamente amo), e responsável pela icônica versão de Teenage Dream acústica no piano, era de se esperar que Darren só trabalhasse com músicas incríveis. De novo: O QUE HOUVE?
Eu amo o Darren compositor. Amo de verdade. O EP Homework é um dos meus trabalhos favoritos. Depois disso, foi com Deus. Darren anunciou recentemente um projeto de lançamento de vários singles inspirados em personas, personagens que não são pra ser ele - mas é claro que são. Quem mais seria tão brega?
A última música lançada, "i can't dance", eu escutei antes de começar a escrever esse post. O Spotify tava no replay automático, e eu fui obrigada a desligar, porque uma vez foi o suficiente. Não sei se quero passar por essa de novo. Pra mim, o melhor do Darren é o Darren simples. Músicas em que ele compõe sozinho no violão ou no piano (foi assim que nasceu a minha favorita, Words, nunca lançada mas sempre apreciada, que me obrigou a baixar um mp3 youtube converter igual uma neandertal), são o suprassumo do que ele tem pra oferecer em composição e melodia - e ele tem muito a oferecer.
Além de muito carismático, o Darren é muito criativo: meu feito favorito dele segue sendo o Elsie Fest, um festival criado por ele pra ser uma versão minimizada de um Lollapalooza, só que com acts do teatro musical. Acontecia anualmente no Central Park, e ele é tão Classe C que o festival fazia pelos outros o que não conseguia fazer por ele: todo ano o Darren convidada pessoas que, de algum jeito, explodiam no ano seguinte. Darren levou a Olivia Rodrigo na última edição. Darren levou o cast de O Rei do Show antes do filme estrear. Darren panfletou Dear Evan Hansen antes do musical virar o que virou. Como nosso artista Classe C favorito, ele tem um feitiço que abraça a carreira de todo mundo - menos a dele própria.
Mas, assim. O nome da minha cachorra é Elsie por causa do festival. Então algum feitiço ele tem, sim - pra mim.
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Coisas que o Darren já fez que não tem perdão/que ninguém lembra:
- Ser amigo da Lea Michele;
- O episódio musical de Flash com Supergirl;
- Uma participação especial na temporada de American Horror Story da Lady Gaga - por 4 segundos;
- Uma série musical que absolutamente ninguém assiste (Royalties), mas que tem participação da antagonista da Olivia Rodrigo: Sabrina Carpenter;
- LMDC Tour: uma turnê só ele e a Lea Michele;
- Falar "it can happen, never say never" quando perguntado sobre um relacionamento com o Chris Colfer - e abrir o mar vermelho que foi o queerbaiting em cima do casal inexistente CrissColfer;
- Cantar Skyscraper com Demi Lovato de microfone desligado;
- Beijar o Chris Colfer ao vivo. DEIXE este pobre homem gay eM PAZ!!!
- Responder "who knows who I came out to as a straight man" quando perguntado sobre sua sexualidade - mais um grande marco da abertura dos portões pra uma carreira sustentada pelo queerbaiting e pink money;
- Uma live com a Lea Michele;
- Participar não uma vez, mas DUAS vezes, do podcast da Becca Tobin (a Kitty de Glee), que é a única pessoa do ramo que consegue ser tãoooo mais rebaixada que ele - uma completa Classe F;
- Anunciar o próprio podcast com uma das irmãs Haim - provavelmente a que ninguém liga;
- Ir num show da Taylor Swift e ficar na grade berrando como um fã que provavelmente seria escolhido pra uma Secret Session.
- Ter concordado em participar do episódio dos fantoches em Glee & ainda ter cantado What Does The Fox Say;
- Não ensinar a Lea Michele a ler.
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Falo tudo isso com amor, vocês sabem.
Mal posso esperar pra novas notícias bregas da nossa subcelebridade favorita. Algumas mentes criativas são mais seguras sendo classe C e D. Classe A seria perigoso demais pra nossa estrelinha cheia de potencial, mas tão, tão peculiar. Personalidades assim oferecem muito mais entretenimento se nascem e morrem como subcelebs.
Tem sempre espaço pra mais um nesse mundinho composto por mim & mais 4 gatos pingados (todas grandes amigas).
E o melhor é que eu nem falei tudo.
Ainda tem espaço pra parte II.
Esse foi o melhor texto que eu li esse ano amxhskshskshsn
ResponderExcluirnaju!!! hahahaha isso é bondade tua! fico feliz que tu tenha gostado!!
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