As 24 personalidades de Demi Lovato
Importante: os pronomes femininos aqui utilizados não correspondem aos pronomes usados por Demi Lovato hoje. Mantenho essa errata pra reforçar que de forma alguma procuro errar propositalmente os pronomes aderidos hoje por elu, mas sim ser fiel à sua persona à época, mais de 10 anos atrás. Os pronomes em feminino dizem respeito à Demi da época. Ao usar os pronomes neutros, me refiro a pensamentos sobre sua pessoa atualmente.
Ai, ai...
Vocês se pronunciaram e eu ouvi.
Pra começar a falar de Demi Lovato, nós temos que voltar no tempo pra uma época onde o Disney Channel caminhava pra entrar nos anos dourados, revistas da Capricho eram vendidas a 5 reais, Flogvip era algo que existia, e o PT estava no poder. Inclusive, Flogvip - um termo/site/vanguarda que desbloqueei 4 níveis de memória descartada pra conseguir lembrar o que era -, foi o primeiro lugar onde tive conhecimento do nome Demi Lovato. Era 2008 quando novas contas dedicadas ao novo filme da Disney começavam a surgir, com fotos da personagem Mitchie provando várias roupas no quarto, no que viria a ser a cena de abertura do filme. Não sabia quem era Mitchie ou Demi Lovato, mas quem eram os Jonas Brothers eu sabia.
E foi com essa energia que não só eu, mas toda minha turma de sexta série do fundamental assistimos Camp Rock, numa estreia nacional às 20h de um Domingo. Bastou o primeiro acorde de This Is Me pra abraçarmos nossa nova garota Disney. Ela cantava, ela era fofa, ela era melhor amiga da Selena Gomez que também tava começando, ela tinha uma franjinha que fez milhões pegarem uma tesoura cega e cortar a própria (por milhões eu quero dizer eu). Era um produto pronto pra Disney-Empresa.
A impressão que me dá é que Demi Lovato nos Primeiros Anos (Camp Rock, Don't Forget [seu álbum de estreia], artista de abertura da turnê mundial dos Jonas Brothers) era 100% um fruto do que a Disney queria que ela fosse. Imagino que a empresa não queria apostar mais no mesmo: eles já tinham a estrela pop (Miley Cyrus), já tinham uma abordagem mais R&B-Pop com a Raven Symoné, já tentavam enfiar a estética anti-pop (garota descolada, calças rasgadas, cabelo repicado, regatas e tênis) na Selena Gomez - numa referencia clara à sua personagem em Feiticeiros de Waverly Place, Alex Russo. Em que eles poderiam transformar Demi Lovato pra que ela não fosse algo repetido, algo que eles já tinham?
Conhecida por "a irmã Jonas", não demoraram muito pra achar a resposta: vamos transformar Demi Lovato num produto pop rock, aproveitando a mesma atmosfera dos três meninos que a ela eram constantemente associados.
De uma lista grande de personalidades já adquiridas por Demi, a primeira todo mundo conhece. Inteiramente produzido pelos próprios Jonas Brothers (e o Jonas pai), Don't Forget marcou Demi Lovato como uma extensão do som e da estética que os Jonas já faziam - afinal, era óbvio que a empresa conhecida por transformar adolescentes em máquinas de fazer dinheiro investisse em dar à Demi Lovato o suporte pra se tornar parte do produto responsável pelo sucesso de Camp Rock: os irmãos Nick, Kevin, Joe, e sua fanbase.
Demi começava, daí, sua longa, longa, loooonga jornada de ter sua própria identidade ditada por outros. É até triste relatar sobre se você para pra pensar que, de certa forma, é com isso que elu tá acostumade: pessoas dizendo o que elu deve ser. E é aqui, meus amigos, que eu os convido a uma viagem. Uma viagem onde a gente vai perceber que Demi Lovato nunca foi elu mesme. Demi Lovato nem deve saber quem é de verdade. Tudo que já foi, e tudo que é agora, e provavelmente tudo que ainda será, são frutos do que as pessoas ao redor querem que elu seja.
Fase Um: Demi Lovato Pop Rock
Causas: Disney, Jonas Brothers e equipe, tendências emo adolescente
Quem não balançou pescoço com o solo de guitarra na música Don't Forget, ou tentou fazer o grito roqueiro de Demi ao final de Get Back, realmente viveu em 2008? Creio que não. Bons tempos, bons tempos. A pior parte é que essa fase, em retrocesso, nem foi ruim. Foi a melhor fase. Talvez não pra Demi - não pra sua identidade e pro que isso significou em seu emocional -, mas pra gente? Crianças e pré-adolescentes sem noção de nada? Significou tudo.
Demi manteve a franjinha eternizada no primeiro filme de Camp Rock, mas agora a franjinha era de lado, com o cabelo levemente ondulado pra ser mais fácil de aparentar desarrumado - estrategicamente assanhado, pra parecer cool. Usava chapéus e botas, andava quase sempre de preto e usando camisetas de banda que eram bem mais rock n roll que ela própria. Não acho que Demi soubesse na época que essa não era ela - pelo contrário, acho que até se divertiu com a ideia de, de repente, ter se tornado uma estrela do rock adolescente.
Todo mundo tem uma fase """emo""" na adolescência, e Demi deu a sorte de ter a dela quando sua própria equipe queria que ela fosse exatamente isso: muito lápis de olho e muita guitarra - nunca, é claro, abandonando o decoro exigido por contratados da Disney. Em uma das mais icônicas músicas de Demi na época (tão famosa que inspirou o Damien Chazelle a escrever um filme com mesmo nome*), ela com orgulho cantava que não seria mudada pela indústria de Hollywood, que tava muito feliz de continuar usando seus Converse e que não era uma super modelo. Guardem essa informação.
É importante mencionar que Demi tinha apenas 15 anos na época. Quem é que sabe quem é ou o que quer aos 15 anos? Ela certamente não sabia, mas se demonstrava satisfeita de ser Alguém, de ser Conhecida, de poder cantar (seu maior sonho) em palcos e virar uma artista. A essa altura, a Disney falava "sapo" e ela pulava. Mas não dá pra culpá-la. Era uma criança sendo dita o que fazer. Como um produto inédito, Demi virou a nova aposta da Disney pra ser seu novo rostinho de sensação adolescente.
Por que, então, Demi não continuou como nosso protótipo de Ozzy Osbourne Para Crianças até o final de seus dias na Disney? É simples.
Demi Lovato cansa rápido das coisas - e cansa mais rápido ainda de pessoas dizendo o que elu deve fazer. Entramos então na
Fase Dois: Demi Lovato Pop Rock Repaginada, 2.0
Causas: Jonas Brothers e fobia à estabilidade
Essa é uma Demi Lovato de transição.
Como boa transição, essa versão não é muito diferente da anterior, ao mesmo tempo que consegue já dar indícios de como vai ser a próxima. Demi Lovato Pop Rock Repaginada 2.0 difere da 1.0 em detalhes, apenas: o primeiro deles é o cabelo. Parece pequeno, mas toda boa artista Disney tem o seu momento de ruptura/rebeldia que começa pelo cabelo - Miley Cyrus pintando de preto depois que terminou com Nick Jonas, por exemplo. Curiosamente, preto também foi a cor escolhida por sua amiga & colega de firma Demi, a simbólica franjinha agora longa o suficiente pra virar um franjão.
Ao contrário do que a rebeldia adolescente do cabelo pintado de preto poderia representar, Demi ficou mais menininha do que sua versão anterior: enquanto a 1.0 parecia um cover do Joe Jonas em 2008, a 2.0 parecia mais um ser humano à parte da estética dos Jonas Brothers. E como, então, os JoBros entram como uma das causas pra essa versão? Pelo simples fato de que Demi não consegue expressar e exercer algo que é 100% delu. Muito dessa fase significou o distanciamento, mesmo que aos poucos, das roupas pretas e do lápis de olho, dizendo olá para coloridos e neons. Quem também andava de óculos escuro neon, calças coloridas e blazers de estampa assimétrica?
Restart.
Não. Jonas. (Abram essa foto, é importante.)
Foi nessa mesma época que Demi abraçou sua rápida e passageira marca registrada: seu batom rosa, imortalizado na capa do seu segundo álbum, Here We Go Again. Eu sei de tudo isso porque eu posso ou não ter passado uns bons meses da minha vida apenas usando o batom mais cor de rosa que a revista da Avon tinha a oferecer.
Num pop rock menos solo de guitarra que seu irmão mais velho Don't Forget, o Here We Go Again parecia mais produto da própria Demi do que de intromissões da Disney e seus produtores - como se ela tivesse dado tão certo de primeira que eles relaxaram no que impor a ela em sua próxima fase. Em alguns momentos, esse álbum soa maduro demais pro ambiente em que foi feito - e dou créditos à Demi por isso. Ainda que com a produção dos Jonas em algumas faixas (dá pra ouvir o Nick Jonas fazendo o backing vocal em Stop The World, por exemplo), em outras Demi atingiu o ápice de sua habilidade em composição numa faixa de sua autoria (Catch Me, as melhores letras que já escreveu sozinhe até agora) e ainda colaborou com o John Mayer em World Of Chances, uma faixa igualmente boa - que o John Mayer não apenas ofereceu à ela, como também pediu pra que Demi colaborasse com ele, um feito que não veio de negociações da Disney com o artista, mas sim em seu interesse pelo talento de Demi.
Mas isso não é uma review sobre Here We Go Again, meu álbum favorito de Demi e um dos meus favoritos da adolescência. Isso é sobre a persona 2.0. E essa Demi, que recebia propostas de parceira do John Mayer e conseguia produzir um bom álbum mesmo com milhões de cláusulas contratuais pra seguir, dava sinais de que tinha potencial pra crescer conforme ela bem entendesse, do jeito que ela era. Demi Repaginada 2.0 dava indícios de que ela havia pegado sua versão anterior (imposta) e transformado em algo que era dela, que era mais ela. Mas isso era uma suposição de quem apenas observava a superfície: muito embora as pequenas mudanças parecessem ser fruto de seu amadurecimento inevitável, Demi jamais alegou que a versão 2.0 era ela própria.
Por que? O de sempre. Demi ainda não sabia quem era. Seus dois primeiros álbuns, muito embora frutos do controle de uma grande corporação, era parte dela, sim, de certa forma. Mas lá pelo segundo, me parece que Demi começou a achar confortável demais. E se tem uma coisa que Demi não suporta é estabilidade. O que nos leva à
Fase Três: A Boa Garota Se Torna Má
Causas: Drogas, rebeldia, traumas psicológicos e péssima equipe
Acompanhar Demi Lovato é saber que o fatídico ano de 2010 foi o ano em que tudo aconteceu - terminou com Joe Jonas, entrou numa fase crítica da sua relação com drogas e álcool, socou uma dançarina na cara, deixou a turnê de Camp Rock 2 pela metade e foi internada numa rehab. O que levou a tudo isso? Pois bem.
Demi já havia atingindo os 100% de sua transformação em garota tradicional estudante de Odonto, com seu Converse imediatamente substituído por saltos altos e vestidos, os chapéus e já aposentados perante o INSS e tudo. Abandonou seu cabelo preto, abriu luzes, e esperou impacientemente para que os problemas começassem. Com a demora para tal, ela mesma foi atrás deles.
Era normal, na época, esbarrar com vídeos de Demi visivelmente chapada em bastidores de turnê, nas suas fotos bêbadas simulando tirar a roupa em quartos de hotel, e nos boatos de que ninguém, absolutamente ninguém, suportava mais estar perto dela - inclusive seus já citados relacionamentos próximos, especialmente Joe (ex namorado) e Nick (melhor amigo). Kevin não. Kevin Jonas nunca teve paciência pros causos de Demi Lovato - procure um registro dos dois depois do casamento de Kevin e Danielle (que Demi compareceu), e você não vai achar.
A rebeldia que deu sinais na personalidade anterior, aqui se consolidou. Demi já não aceitava qualquer limitação ou tentativa de controle ao seu comportamento destrutivo, o que a tornava numa pessoa impossível de trabalhar ou se estar perto - nas palavras da própria. Quase sempre sob efeito de drogas e álcool, essa Demi se agarrou nas pessoas erradas pra dar os dois dedos do meio pra Disney e sua tentativa de montagem da garota perfeita. Caótica e problemática, essa personalidade era tão auto destrutiva que não durou muito tempo: as luzes no cabelo foram presentes por apenas uns 2 meses, até que Demi foi internada pela primeira vez num centro de reabilitação, após literalmente dar um murrão na cara de uma dançarina que foi fazer fofoca aos produtores da Disney sobre suas festas extravagantes e ilegais.
(Uma trivia irrelevante porém muito legal desse episódio é que Demi estava tão louca na droga na época que, ao surrar a coitada da dançarina dentro de um jatinho particular, Demi só voltou pra sua poltrona e dormiu o resto do voo, como se nada tivesse acontecido. Extremamente. Caótica.)
Os problemas psicológicos de Demi e seu vício não foram algo que surgiu nesse pequeno intervalo de Boa Garota Virou Má: eram coisas que sempre estiveram com ela, desde sua versão pop rock, talvez mais silenciosas na época. Ao romper com a estabilidade do suporte nos Jonas, com a confiança em sua equipe para guiar sua carreira e com seu prévio comportamento de garota exemplo da Disney, Demi perdeu seu próprio rumo, simplesmente porque ela não sabia andar por conta própria, nunca soube. É necessário que pessoas estejam guiando seus passos, opiniões e comportamentos a todo momento, já que ao mínimo sinal de solidão, Demi tende a abandonar todo o bom senso e se abrigar nas mais tóxicas pessoas, nas mais destrutivas situações.
O tempo na reabilitação poderia ter servido como o momento em que Demi perceberia isso. Não foi o que aconteceu.
Fase Quatro: Garota Má Se Torna Uma Boa Mentirosa
Causas: Más companhias, síndrome de mentira compulsiva
Eu não falei pra vocês guardarem a informação da mensagem de Demi em sua música chefe do primeiro álbum, La La Land? Demi que não era uma super modelo, Demi que se vangloriava de seus estilos alternas e se achava visionária por usar vestido rodado e tênis, Demi "oh-eu-não-sou-igual-às-outras-garotas", I'm a weirdo, I don't fit in... Essa Demi? Morreu.
Demi da fase quatro é uma Demi que acabou de sair de um centro de reabilitação para seus problemas psicológicos e vício em substâncias, mas que em momento alguém desejou estar em rehab ou sequer queria estar sóbria. Em resumo da grande ópera, Demi só aceitou ser internada quando seus pais afirmaram que ela não teria mais contato com sua irmã mais nova, Madison, se não fizesse tratamento. Então ela foi - não porque de fato queria, mas sim porque estavam prestes a tirar dela algo que era importante. E essa Demi "eu não ligo pra nada", essa Demi que mandava todo mundo se foder enquanto cheirava cocaína, se importava pelo menos com uma única pessoa: sua irmã.
É sabido, no entanto, que a longo prazo ninguém muda por outra pessoa: mudança de pensamento, atitude e comportamento é algo que tem que partir de você mesmo. E foi assim que Demi, ao sair da rehab e esfregar na cara dos pais que tinha feito o que eles queriam, deu continuidade à sua persona antiga de maneira intensificada. As drogas experimentais e recreativas da fase anterior viraram um costume, as festas clandestinas eram escondidas pois na manhã seguinte Demi teria que dar entrevista sobre ter controlado seus vícios em reabilitação, as camisetas com a frase "the only coke I do is diet (a única coca que eu uso é a diet)" escondiam a relação de Demi com a criadora da marca, que ironicamente era conhecida por suas festas onde cocaína era servida em bandeja.
Demi, com seu novo aplique de cabelo, suas turnês com mais de dez dançarinos, suas coreografias, o glitter em excesso e as festas sem limites, virou tudo que ela disse não ser quando começou: um ato pop problemático (ver: Britney Spears, Miley Cyrus). No álbum Unbroken, seu trabalho musical fruto dessa era, a nova personalidade de Demi era tudo que já conhecíamos em nossas princesas do pop anteriores, perseguidas pelos seus próprios traumas. Batidas sintéticas, samples e equalizadores substituíram os instrumentos reais das músicas de Demi e, assim como ela própria, sua música também ficou genérica.
Genérica parece ser a palavra adequada pra personalidade quatro. Tudo em Demi, nessa época, era absolutamente falso: do cabelo aos discursos. Era muito fácil, pra ela, mentir sobre estar recuperada e se esforçando, lançar Skyscraper, e gravar um documentário sobre sua luta pessoal sob efeito de cocaína durante as entrevistas. Aqui, Demi compreendeu que conseguiria tudo de seu jeito se fosse a melhor mentirosa que pudesse ser - e foi o que fez. Seja por descuido, negligência ou simplesmente por terem sido manipulados por ela, a equipe de Demi pouco fez pra exercer controle na situação.
Mas Demi estava fazendo as coisas como queria e enganando todo mundo no processo. Seja lá o que sua equipe e pessoas próximas planejassem fazer, não é como se ela fosse aceitar qualquer imposição alheia de bom grado.
Fase Cinco: Uma Camaleoa e A Falsa Sensação de Estabilidade
Causas: Contratos, trabalhos na TV e agenda cheia
No ponto alto de sua carreira até então, 2012 e 2013 dão a falsa impressão de que Demi Lovato estava estável - exceto, é claro, por seu cabelo. De Leona (Cobras e Lagartos) a todas as variações possíveis de cabelo colorido, Demi parecia descontar sua falta de tempo pra se moldar a uma nova personalidade em suas transformações capilares - o que é tipo, basicamente o maior dos gritos de socorro da mulher leonina.
A falsa sensação de estabilidade vem de uma coisa muito simples: ela só não tinha tempo de se transformar em outra coisa. Foram duas temporadas de The X Factor, duas turnês, uma temporada de Glee, uma participação na trilha sonora de Frozen com Let It Go, uma performance na Casa Branca, um relacionamento escondido com Wilmer Valderrama (12 anos mais velho que ela) e um novo álbum. Não tinha mais tempo disponível pra continuar mantendo a fachada de Garota-Pop-Que-Está-Sóbria-Mas-Sempre-Em-Festas,
Musicalmente, Demi continuou no pop - menos eletro e menos sintético, mas ainda pop. Não se enganem, Demi hoje vai tentar te fazer acreditar que foi sua própria equipe que tentou empurrá-la à uma persona pop star, com hits que tocam em rádios. Não. Demi na verdade incentivava e trabalhava pra ficar mainstream-mente famosa. Ela não só aceitava como requeria que sua produção musical fosse pop o suficiente pra seguir subindo nos charts - o que só resultou em hits, de fato, duas vezes: uma com Give Your Heart A Break (Unbroken) e outra com Heart Attack (DEMI).
Foi a época em que Demi mais trabalhou pra virar o que ela queria virar - e note: o que ela queria, e não o que ela era. A receita pra fazer sucesso nunca foi quem Demi de fato era. Caso fosse, Demi hoje seria uma artista classe A assim como suas colegas de firma da época, Miley e Selena.
Aqui parece não haver tantos problemas de conflito de identidade. Mais branda e mais controlada que sua versão anterior, essa Demi tinha muitos compromissos, muitos contratos e muito trabalho à fazer. No entanto, sua estética pareceu fluída nesse período de tempo, de certa forma. Demi abusa das coisas muito, muito rápido. Não só nas mudanças de cabelo, seu estilo pessoal foi uma incógnita ao decorrer desses dois anos. Nunca dava pra saber se Demi apareceria de vestido longo e salto alto, de calça preta e camiseta xadrez, de aplique no cabelo ou de cabeça raspada (aconteceu, várias vezes). Parecia que ela experimentava de tudo um pouco, do jeito que dava, só por estar entediada.
O resultado não foi lá essas coisas, e sua inconstância de estilos dificultava o trabalho da mídia de colocava dentro de uma caixa só, com o propósito de atrair o público específico para tal. Talvez fosse esse o motivo pelo qual Demi seguiu em seu objetivo pessoal de sempre ser uma Demi diferente em cada nova aparição pública.
Até que Demi cansou de mudar toda hora...
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No próximo bloco...
Fase Seis: Gênesis e a Verdadeira Estabilidade
Fase Sete: O Amadurecimento?
Fase Oito: O Renascimento e o Decair
Fase Nove: Queer, Militante e Maconheira Assumide
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Tem tão mais a ser falado, tantas mais imagens e tantas outras nuances, que eu não posso simplesmente continuar falando e falando pra sempre - vai acabar meu espaço. Assim como Demi Lovato, esse texto foi feito para ter uma continuação (mas nunca uma conclusão).
Percebo que sigo uma certa fascinação com artistas que nasceram pra ser flop. O que é curioso, porque adivinhem como eu conheci nosso Ator Classe C Favorito, do post anterior? Adivinhem qual foi o primeiro contato que tive com ele, a primeira vez que o vi na vida?
É, meus amigos... Quem amaldiçoou quem, é difícil saber. Mas nada mais fascinante do que pessoas com potencial com escolha errada atrás de escolha errada, uma perpétua alma de pobre.
Pra me deixar entretida, você só tem que ser brega.