To me, to you, and you, you, you and you
Essa já é a terceira* newsletter que eu tento escrever desde o meu último súbito momento de luz - porque, se tem algo que eu já percebi, é que eu só consegui cuspir 3000 palavras e tentei fazer um sentido delas quando tive um desses momentos.
Uma vez a Cecilia disse que gostava das minhas newsletters porque elas eram bem pessoais e eu sempre conseguia colocar arte nelas. A Yasmin (que lia minhas coisas silenciosamente, né Yasmin??) chegou ontem pra me dizer que claro que ela lia, ela amava arte. Depois de ficar extremamente grata pelo apoio de pessoas maravilhosas que tenho a sorte de ter na vida, fui pensar caladinha na minha: e quando eu não conseguir ter a mesma profundidade que criei a tendência de colocar no que escrevo? Quando eu não conseguir ser tão íntima em palavras quanto um texto sobre carreira ou amizades fadadas ao fracasso, ainda vou ter credibilidade? E mais, se não for nada vindo da minha dor, ou frustração, ainda vai ser considerado arte?Por um momento, pensei que tinha colocado uma expectativa em mim mesma que já tava alta demais, uma que agora teria de ser só de sentimentos e sentir e fazer algo que fosse bom o suficiente paras pessoas acharem exatamente o mesmo, ao ponto de falarem que tinha arte no que eu produzia (veja só!), ou no sentimento com que eu produzia. Foram momentos específicos que eu conseguia, por exemplo, escrever por horas sobre o que eu estava sentindo por não ter outro lugar pra colocar. Eu deveria sentir que meus momentos mais leves e aleatórios não merecem validação por eles não terem a mesma carga emotiva?
Meu problema sempre foi minha cobrança absurda comigo mesma. Não lembro muito de Cisne Negro - vi aquele filme quando todo mundo ainda falava nele, sem entender muito da profundidade, mas não questionando o fato de que todo mundo concordava que era bom. Lembro que a personagem queria ser perfeita. Nem boa, nem ótima. Perfeita. Não sei se no plot dela isso cabia só ao ballet, mas pra mim é na vida inteira. E é exaustivo. Não que eu seja impecável em todos os aspectos que me cercam porque pra mim é impossível mesmo (eu sou desleixada demais pra me importar), mas eu tenho 0 tolerância aos meus próprios erros. Prefiro não fazer mas nada da vida do que fazer algo errado e achar que o resto desse planeta e de todos os outros e dos outros que ainda virão vão me julgar, me detestar ou me diminuir por isso. E caso ninguém o faça, eu mesma tô aqui pra fazer por todos esses planetas
O * lá em cima é que essa na verdade pode ser a quarta, já que isso era uma newsletter totalmente diferente e eu apaguei inteira porque era um texto só ok. Não era bom. E até eu, que acho que não faço nada ótimo, fico neurada por não conseguir simplesmente largar de mão e deixar as coisas fluírem. Não que eu queira atingir a perfeição da Natalie Portman. Mas, assim, se eu não errasse nunca mais na vida, seria 10/10. Ou pelo menos, que eu não ligasse tanto pra isso.
Calma, eu não apaguei tudo pra fazer um texto sobre meu self loathing e enviar no lugar. Acredite ou não.
Depois de uma introdução intensa demais só pra explicar que esse post não vai ter lógica nenhuma, porque eu sou that extra, a gente precisa logo se acertar no fato de que essa sou eu escrevendo com bloqueio. Até quem não escreve já ouviu falar do famoso bloqueio na escrita, e não que eu escreva, mas eu definitivamente escreveria mais se não fosse a porra do bloqueio. Minha proporção, na verdade, é de 84 bloqueios para 2 produções. Enfim: bloqueio, sem ideia, sem roteiro. A famigerada divagação, que prometi desde o primeiro dia, bem crua.
Até porque, a descrição dessa newsletter é literalmente: Falo um bocado de coisa que ninguém quer saber e tenho divagações que ninguém entende. Tem muita referência aleatória também. E é tudo fora de ordem.
Eu disse que tentei escrever duas newsletter antes dessa. Uma delas é um desses momentos de aleatoriedade, que meus amigos devem olhar pro horizonte e se perguntar onde que eles estavam com a cabeça quando começaram a andar comigo em primeiro lugar, e tinha muitos, mas muitos gifs do Darren Criss metidos no meio. A outra tá pronta, e foi minha primeira experiência produzindo algo que eu simplesmente não consegui publicar no automático depois. Me fez pensar no quão confortável eu realmente estou comigo mesma, ou acho que estou, e se preciso trabalhar nisso. A gente aprende muita coisa nessa de escrever, se frustrar, entrar em reflexão profunda e sair com uma newsletter sem pé nem cabeça, viu? Te contar.
Nesse feriado que tive pra chamar de férias, que acabam em exatos 2 dias, consegui ter um pouco mais de perspectiva (acredite ou não, depois de tudo que já te fiz ler nesse mesmo post) sobre coisas que antes me fariam perder o juízo, o rumo, o chão, ou os três de uma vez. As coisas não só mudam como já mudaram, e a gente tem 0 controle sobre isso. Perde-se pessoas e dói, dói bastante, e a pior parte é que é muito fácil achar que já não se tem mais ninguém, mesmo quando pessoas incríveis ainda estão por perto. É uma experiência bem Monet: olhando de perto é uma bagunça, mas se afastando pra observar faz todo sentido.
Sinceramente? Tô muito feliz comigo mesma de ter conseguido me libertar de certas coisas. E mais feliz ainda por ter gente incrível que diz estar orgulhosa por isso. Não costumo sentir orgulho de mim mesma com muita frequência. É bem bom. Mas saber quem as mesmas pessoas que te deram essa perspectiva também torcem por ti e sentem o mesmo também é.
Achei companheirismo, amizade, e luz (que eu imagino ser esse emoji ✨✨ em forma de sentimento) depois de pensar que não tinha nada além de vazio pra mim. Se isso não for arte se manifestando em ações pra vocês...
Uma das coisas mais preciosas que eu aprendi com a Amanda Palmer - e olha que aprendi muitas coisas com Amanda e confio que ainda aprenderei - é que a gente absorveu e cultivou a ideia de que a única coisa que nos valida como artista é ter um diploma em Artes. Ou performar Artes em algum lugar de renome. Eu ter algo que te dê legitimidade de falar "eu fui ali, naquele lugar importante, fiz aquela coisa importante, portanto, obviamente, eu posso me chamar de artista". Porque, é claro, ninguém sai se denominando médico sem ter feito medicina. A premissa devia ser a mesma.
Mas nem sempre é.
Arte é sobre criação e sobre sentir. A gente não precisa daquele diploma porque ser artista, segundo a Amanda, e a gente divide o mesmo pensamento, é colocar o que você sente por aí em forma de arte e fazer quem recebe sentir algo de volta. Provocar uma vivência profunda e inesperada no outro é ser um bom artista. Passei bastante tempo procurando algo que eu me achasse boa e foram pouquíssimas as coisas que encontrei. No entanto, todas foram dentro da arte. Se eu quiser dizer que eu sou artista, segundo a Amanda Palmer, eu posso! Não sei quanto à parte de ser boa, mas é bom saber que em algum lugar desse universo eu tenho a possibilidade de ser o que eu gostaria de ser.
Talvez um dia eu seja menos dura comigo mesma e aceite que tá tudo bem produzir coisas ótimas e, em outros momentos, coisas mais ou menos. Tem o Bruno Mars, que trabalhou em Uptown Funk por séculos porque sabia que a música tinha potencial mas tava indo pro lado errado até que terminou e virou o que virou, e tem eu, que sou um trabalho em progresso. Em progresso de aceitar que, talvez, no campo tão abrangente da arte que, inclusive, eu amo tantas coisas, talvez a escrita seja a parte que eu mais fico confortável e nem sou tão sensacional assim. Progresso de aceitar que escrita pode ser arte também, como forma de produção carregada de emoção, por que não?
E aí que vem minha sorte em ter pessoas na minha vida que me dão a luz do emoji. Que chegam pra me dizer que tem n coisas interessantes acontecendo ao meu redor, e que eu mesma posso fazer essas coisas. Que eu posso sim produzir algo e que essa produção pode ter uma qualidade. E caso não tenha, pode parecer o fim do mundo pra mim e minha neurose de querer fazer tudo nos conformes, mas pra eles tá tudo bem. Eles não diminuem minha importância simplesmente porque eu tive um momento, bom, humano. E se sentem incomodados quando eu o faço. Eles enxergam meu potencial e consideram até como "arte" antes mesmo que eu dê uma segunda olhada e pense "é, tá mais ou menos".
Eles - vocês, porque vocês estão sempre aqui - às vezes me oferecem mais do que eu mereço. Se for pra criar uma metáfora bem feia, diria que vocês são um peso de balança que cria o equilíbrio com o meu lado que não sabe lidar com o papel-do-erro, e que acha que tá sendo criticada sempre. Recebo esse apoio, compreensão, suporte e paciência (sim, porque eu sei que não é fácil) com meu coração quentinho e com muito, muito amor. Até porque, como já disse um personagem por aí que se parece bastante comigo:
"Love is just like art: a force that comes into our lives without any rules, expectations or limitations. Love like art, must always be free."
Sendo assim, obrigada por colocar todo o amor do mundo dentro de mim. Espero contribuir com pelo menos um pouquinho de volta pra vocês.
Coisas aleatórias que amei demais desde nosso último contato mas são tão soltas que não dá pra fazer textão sobre (voltamosssssS)
- Eu obviamente não amei, só passei 21 minutos puta de raiva, mas esse vídeo aqui mostrando a misoginia escancarada de The Big Bang Theory disfarçada de comportamento nerd justificável
- Esse post lançando uma problemática leve sobre termos como "love wins" e "love is love"
- Esse texto é de 2013 e eu só esbarrei com ele meses atrás, mas é o relato de uma mãe que chama When My Son Met His 'Boyfriend', Darren Criss (sim, é uma fofura!). O que me levou a ler também o 'When Your 7-Year-Old-Son Announces, I'm Gay', que cai como uma luva agora que tá rodando um tweet por aí dizendo que crianças gays são existem, porque aparentemente crianças não tem como saber quem elas são. :)
- A Amanda Palmer cantando Bad Romance sem fazer a mínima ideia do que ela tá fazendo (acho que essa performance é uma crítica social foda ao mainstream porque é a Amanda, mas eu achei engraçado mesmo)
- A Cecilia e a Yasmin com newsletter!!!! Nada de aleatório nisso!!! O link tá no primeiro parágrafo desse post!!!
- Terminei Grace & Frankie e 1) descobri que sou o Sol e 2) meu spirit animal é a Brianna
- A Pink e o discurso dela no VMA :')
- THE BOLD TYPE. VEJAM. Eu tô um pouco louca por essa série. Se não deu pra notar por todos os gifs que usei nesse post, que são só dela. Inclusive:
- Usar gifs de uma coisa só em posts.
Eu nem acredito que finalmente parece que tenho uma newsletter completa. Juro que não planejo mencionar arte em todas, simplesmente acontece. Um dia uma vai vir sem a menção da palavra QUE JÁ NÃO DEVE SER MENCIONADA e vou me sentir culpada e vocês vão achar estranho. Até lá, a gente segue como se esse fosse o foco da criação delas. Não aquele quote ali em cima do "divagações e referências".
Eu espero que, caso não absorvendo nada do que eu disse, vocês apreciem pelo menos a imagem com que eu escolho encerrar, porque eu sempre penso muito sobre ela.
Meninas que sempre querem sair deixando uma gracinha no ar.
até a próxima,
deni out. 🌻