Archive for setembro 2017

Neil Gaiman me deve uma sessão de terapia


Dentro dos n debates que tive nas últimas semanas sobre n assuntos, um ponto parecia sempre voltar à tona: a ideia de que todo mundo é horrível. Sei que não tenho muita credibilidade, mas isso tá longe de ser um reflexo do meu péssimo tratamento comigo mesma, ou pouca fé no resto do mundo. Pelo contrário, ser dura comigo nunca tirou minha mania de tentar achar que todo o resto do mundo estava pelo menos tentando seu melhor. Conversei muito nos últimos dias e, fosse discutindo sobre como a gente se acha uma bosta inútil, fosse debatendo sobre pessoas que realmente são bostas inúteis (ao meu ver), eu sempre batia na mesma tecla: todo. mundo. é. horrível.

A primeira vez que parei pra pensar nisso de verdade foi quando vi uma resposta do Neil Gaiman no Tumblr falando exatamente a mesma coisa. "Querido Neil, eu sou uma pessoa horrível. Como eu posso ser mais gentil?", a pessoa perguntava. As respostas do Neil são bem íntimas e específicas, ao ponto que, obviamente, tem uma diferença ao digerir as palavras dele em narrativa e as que ele escolheu compartilhar diretamente sobre o que pensa. Nessa em específico, Neil responde que às vezes suspeita que a gente é tudo horrível mesmo. Ou que somos humanos, o que pra ele é a mesma coisa. "​We are impatient, judgmental, irritating and irritated, grumpy, easily offended and the rest of it." E esses foram só os defeitos que ele nomeou. Imagina se eu coloco a minha lista. E você a sua. E eu a lista de todas as problemáticas de todo mundo que tenho ranço. O que me leva de volta à minha própria problemática de sentir ranço sem motivo aparente e ficar me perguntando qual é o meu problema.

A gente é insuportável pra caralho. A gente que reclama e a galera sobre quem a gente tá reclamando também. Absolutamente ninguém se salva.

A solução do Neil Gaiman pra isso (uma que eu, na minha ignorância, não tinha conseguido achar sozinha) é só fingir mesmo. Porque, seguindo essa lógica e parando pra pensar, não teria diferença você fazer o bem porque é o santo na terra e ama ajudar todo mundo e fazer o bem sendo o diabo tentando disfarçar: no final das contas, você ainda tá fazendo o bem. E ainda tá tocando a vida das pessoas positivamente. Quase que um "os fins justificam os meios" bem torto e muito fora de contexto, tão fora de contexto que se eu tentar o suficiente aparece um estudante de Direito gritando "MAS NÃO FOI ISSO QUE MAQUIAVEL QUIS DIZER!!!!11!!11". Essa sou eu tentando. Por favor, por favor, estudante de Direito. Grite comigo.

Mas e a intenção? E o 💞 coração 💞 e pura vontade da pessoa por trás das ações dela? Coisas que eu e provavelmente qualquer personagem de um filme da Disney já se questionou. Como poderia ser a mesma coisa, e será que, pelo amor de Deus, o Neil Gaiman poderia me responder?

Por um momento eu achei um absurdo, numa resposta tão pequena, todo mundo ser jogado no mesmo saco e ser equiparado à lixo. Tudo bem que eu concordava que todo mundo era um lixo, mas tinha a pessoa que mandou a pergunta, sensível o suficiente pra pedir uma ajuda porque queria tentar melhorar no que ela achava estar falhando, e tinha as pessoas que realmente eram impacientes, críticas, irritantes, irritadas, mal-humoradas e que se ofendiam facilmente. Tinha eu e tinha as pessoas que conseguiam ser piores do que eu. Todo mundo virava a mesma farinha no final? Não tinha nada pra medir? Eu sou chata pra caralho, mas, veja bem, acho que a moral duvidosa das pessoas que tenho ranço é algo a se levar em consideração.

No entanto, eu mencionei que a resposta dele era pequena. Não demorou mais do que esse debate interno pra fazer sentido.

Não sei se vocês sabem no que consiste, mas MBTI é um teste de personalidade e o único desse estilo que vocês vão me ver seguindo piamente de tão certo que deu comigo. De acordo com ele eu sou INFJ, e depois de muito ler sobre, descobri que é o tipo que mais sente empatia por todo fucking mundo. Conheço gente que não acredita em empatia, também conheço quem deteste o termo e o significado que comumente atribuíram, mas nesse caso sempre foi como uma empatia-esponja. Eu tentava sentir tudo que o outro tava sentindo porque me colocava no lugar dele demais. Isso sempre me levou a achar que as pessoas eram naturalmente boas (a sociedade que as corrompem) simplesmente porque elas tinham capacidade de sentir, e eu sentia por elas.

E deixa eu falar: procurar o lado bom de todo mundo, toda hora, é exaustivo. Principalmente quando você é esponja.


Esbarrar com essa resposta do Neil, que não chega nem a ser um texto sobre, me iluminou bastante em relação a isso. Foi como se ele tivesse pegado no meu ombro pra falar: não, meu anjo, todo mundo é horrível mesmo. A gente é cruel com a gente e com os outros. A diferença é que meu filtro é melhor do que o filtro das pessoas que eu detesto. Eu sei fingir melhor que sou uma boa pessoa, nos meus padrões de como-uma-boa-pessoa-deveria-ser. Na minha cabeça eu continuo sendo uma bosta, sem dúvidas. E talvez na cabeça deles, eles sejam incríveis porque eles tão no próprio padrão de como-uma-boa-pessoa-deveria-ser. Que não necessariamente é o meu padrão.

E é aí que eu fico o thinking emoji 🤔 e real queria sentar com o Neil Gaiman pra conversar sobre isso. Parece que eu tô criando justificativas pra falar "mas todo mundo tá no seu direito de ser horrível já que ninguém é igual!!!!" porque é isso que sempre faço. Não consigo simplesmente falar "você é uma bosta, muita paz." Desde que me entendo por gente, me considero uma pessoa em cima do muro. Tento dar voz pros dois lados, não porque os dois estejam certos, mas porque os dois merecem falar. Me pedir conselho é horrível porque eu vou te ajudar, mas também vou falar "por outro lado, você não sabe o que se passa com a pessoa x-". Parece que eu tô sempre mediando as coisas.

Mas eu disse que entendi o que a resposta quis dizer, e se é que consigo estar certa pelo menos uma vez na vida, que seja agora: não é questão de "todo mundo é bom" ou "todo mundo é horrível". Nunca gostei dos extremos (personalidade mediadora, MBTI tipo: advogado), não passaria a gostar agora. É o simples fato de que a gente pode ser bom. Mas a gente também pode ser ruim. E que, pra resumir tudo, a gente é uma mistura dos dois. Absolutamente todo mundo. Isso é natureza humana mesmo. A gente é um lixo, e sente ranço de quem quer que seja, mas a gente também tem empatia - ou simpatia, seja lá o que te deixe mais confortável. A gente abre a boca pra fazer comentários críticos mas tem uma consciência pra pesar depois. Toda a experiência em ser humano é viver e fazer coisas boas e ruins e isso é inevitável.



Como você escolhe lidar e filtrar essas experiências, as boas e as ruins, e como você permite que elas te moldem como pessoa, aí sim: é caráter mesmo, e a gente tem sim um controle nisso. É pessoal. Os atributos que o Neil citou pra exemplificar as "pessoas horríveis" que somos, são características que naturalmente vamos ter. O que a gente escolhe fazer com isso diz sobre quem somos.

Em uma das conversas que tive sobre isso, expondo sobre como as pessoas são, na verdade, ruins, e a gente custa em aceitar, minha amiga Ingred me enviou aquela cena de Doctor Who que eles discutem o fato do Van Gogh ter cometido suicídio mesmo depois de ter visto o "lado bom" da própria vida que, em sua história original, ele não teve conhecimento. A fala é basicamente sobre como a gente sempre vai ser um amontoado de coisas boas e ruins. As coisas boas não vão suavizar as ruins mas as ruins também não vão fazer com que as boas fiquem menos importantes. Esse momento sempre foi tão especificamente Van Gogh (e eu juro que não é minha intenção mencionar arte ou artistas em todas as newsletters, quando dou por mim já aconteceu) que nunca me toquei que é a gente também. Não é só sobre ele, suas dores, traumas e problemas. É também sobre a gente, tendo que lidar com nossa pilha de coisas boas e ruins e tendo que decidir o que fazer com elas.



Doctor Who também me fez parar pra refletir sobre isso quando me falou que todo mundo muda e que a gente consegue ser várias péssimas durante nossa vida e que tá tudo bem, a gente tem que continuar mudando mesmo, desde que não esqueçamos todas as pessoas que um dia já fomos. Boas ou ruins. Se esse não for o melhor modo de observar e aprender dentro do nosso próprio crescimento, eu não sei qual é.

(E aqui é só uma menção honrosa mesmo, COM SPOILERS, porque achei cabível e não podia ignorar, mas é só pra quem viu a nona temporada de Doctor Who - e juro que não era minha intenção falar tanto de Doctor Who nessa newsletter, mas confessando que essa cena em si já me fisgou pra fazer uma só sobre ela: a Missy e o Master se despedindo é a coisa mais poética que eu já vi. É a mesma pessoa, em pontos diferentes da própria vida, e ambos continuam sendo horríveis mas em circunstâncias distintas, com balanças emotivas distintas. "Eu adorei ser você", ela diz, mesmo que o "você" em questão tenha sido um genocida paranoico com princípios que já não fazem mais sentido para o que ela agora acredita. "Cada segundo." Porque mesmo que não combinem mais, ainda foi ela, sentimentos que ela um dia teve, e ela honra isso. Mesmo tentando ser uma boa, nova pessoa, ela assume quem um dia terrivelmente já foi. E isso fala muito da nova pessoa que ela tenta ser, matando, literalmente, a antiga.)

Foi irônico pensar em escrever isso e parar pra assistir The Good Place no mesmo final de semana. Sem fazer resenha da série ou entregar o plot, não tinha nada que eu pudesse assistir que fosse me obrigar a refletir mais sobre pessoas boas x pessoas ruins e em como a linha entre esses dois conceitos é bem tênue, mesmo que de início não pareça. E olha que a série é de comédia. Me fez notar que, quando é sobre a gente, nada é tão simples. Já dizia a Selena Gomez na música de abertura de Os Feiticeiros de Waverly Place que "nem tudo é o que parece ser" e a Rachel Bloom na abertura de outra série, sendo essa uma metáfora da minha vida, "the situation's a lot more nuanced than that".

The Good Place* me fez pensar sobre os requisitos pra ser uma boa pessoa e em como essa boa pessoa poderia se encaixar facilmente no perfil de pessoa ruim se você escolhesse analisar a situação por outro ângulo. E se isso não exemplifica tudo que eu falei até agora, vai pelo menos parecer que tô andando em círculos no mesmo lugar, porque é basicamente a mesma coisa.

Quanto a mim, a você, e a todo mundo que sentiu um #relatable quando mencionei "os que se sentem um lixo": A gente não se sente um lixo porque a gente é. Isso já não é parte da nossa natureza humana, ou caráter, e sim da parte psicológica mesmo. Mas aí é assunto pra outro dia.

Se não consegui aceitar ou compreender ainda nossa complexidade e as diversas formas, boas e ruins, de lidar com elas - e, sério, acredito que daí que vem as diferenças entre As Pessoas TM que a gente coloca na lista de PESSOAS MUITO TERRÍVEIS e PESSOAS MUITO BOAS -, pelo menos já consegui absorver que sou média. Sou uma pessoa nível médio. Um 7 no meio social. E que seja, tá tudo bem também. Eu aceito ser uma pessoa média.



(*The Good Place também me fez pensar muito sobre vida, morte, e o que vem depois, que é um assunto que geralmente costumo evitar. Mas, vendo a série, é retratado de forma tão leve que fiquei até surpresa de não ter tido um ataque de ansiedade em nenhum dos episódios. Well done.)

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To me, to you, and you, you, you and you

Essa já é a terceira* newsletter que eu tento escrever desde o meu último súbito momento de luz - porque, se tem algo que eu já percebi, é que eu só consegui cuspir 3000 palavras e tentei fazer um sentido delas quando tive um desses momentos.

Uma vez a Cecilia disse que gostava das minhas newsletters porque elas eram bem pessoais e eu sempre conseguia colocar arte nelas. A Yasmin (que lia minhas coisas silenciosamente, né Yasmin??) chegou ontem pra me dizer que claro que ela lia, ela amava arte. Depois de ficar extremamente grata pelo apoio de pessoas maravilhosas que tenho a sorte de ter na vida, fui pensar caladinha na minha: e quando eu não conseguir ter a mesma profundidade que criei a tendência de colocar no que escrevo? Quando eu não conseguir ser tão íntima em palavras quanto um texto sobre carreira ou amizades fadadas ao fracasso, ainda vou ter credibilidade? E mais, se não for nada vindo da minha dor, ou frustração, ainda vai ser considerado arte? 

Por um momento, pensei que tinha colocado uma expectativa em mim mesma que já tava alta demais, uma que agora teria de ser só de sentimentos e sentir e fazer algo que fosse bom o suficiente paras pessoas acharem exatamente o mesmo, ao ponto de falarem que tinha arte no que eu produzia (veja só!), ou no sentimento com que eu produzia. Foram momentos específicos que eu conseguia, por exemplo, escrever por horas sobre o que eu estava sentindo por não ter outro lugar pra colocar. Eu deveria sentir que meus momentos mais leves e aleatórios não merecem validação por eles não terem a mesma carga emotiva?

Meu problema sempre foi minha cobrança absurda comigo mesma. Não lembro muito de Cisne Negro - vi aquele filme quando todo mundo ainda falava nele, sem entender muito da profundidade, mas não questionando o fato de que todo mundo concordava que era bom. Lembro que a personagem queria ser perfeita. Nem boa, nem ótima. Perfeita. Não sei se no plot dela isso cabia só ao ballet, mas pra mim é na vida inteira. E é exaustivo. Não que eu seja impecável em todos os aspectos que me cercam porque pra mim é impossível mesmo (eu sou desleixada demais pra me importar), mas eu tenho 0 tolerância aos meus próprios erros. Prefiro não fazer mas nada da vida do que fazer algo errado e achar que o resto desse planeta e de todos os outros e dos outros que ainda virão vão me julgar, me detestar ou me diminuir por isso. E caso ninguém o faça, eu mesma tô aqui pra fazer por todos esses planetas 

lá em cima é que essa na verdade pode ser a quarta, já que isso era uma newsletter totalmente diferente e eu apaguei inteira porque era um texto só ok. Não era bom. E até eu, que acho que não faço nada ótimo, fico neurada por não conseguir simplesmente largar de mão e deixar as coisas fluírem. Não que eu queira atingir a perfeição da Natalie Portman. Mas, assim, se eu não errasse nunca mais na vida, seria 10/10. Ou pelo menos, que eu não ligasse tanto pra isso.

Calma, eu não apaguei tudo pra fazer um texto sobre meu 
self loathing e enviar no lugar. Acredite ou não.

 



Depois de uma introdução intensa demais só pra explicar que esse post não vai ter lógica nenhuma, porque eu sou that extra, a gente precisa logo se acertar no fato de que essa sou eu escrevendo com bloqueio. Até quem não escreve já ouviu falar do famoso bloqueio na escrita, e não que eu escreva, mas eu definitivamente escreveria mais se não fosse a porra do bloqueio. Minha proporção, na verdade, é de 84 bloqueios para 2 produções. Enfim: bloqueio, sem ideia, sem roteiro. A famigerada divagação, que prometi desde o primeiro dia, bem crua. 




Até porque, a descrição dessa newsletter é literalmente: Falo um bocado de coisa que ninguém quer saber e tenho divagações que ninguém entende. Tem muita referência aleatória também. E é tudo fora de ordem. 


Eu disse que tentei escrever duas newsletter antes dessa. Uma delas é um desses momentos de aleatoriedade, que meus amigos devem olhar pro horizonte e se perguntar onde que eles estavam com a cabeça quando começaram a andar comigo em primeiro lugar, e tinha muitos, mas muitos gifs do Darren Criss metidos no meio. A outra tá pronta, e foi minha primeira experiência produzindo algo que eu simplesmente não consegui publicar no automático depois. Me fez pensar no quão confortável eu realmente estou comigo mesma, ou acho que estou, e se preciso trabalhar nisso. A gente aprende muita coisa nessa de escrever, se frustrar, entrar em reflexão profunda e sair com uma newsletter sem pé nem cabeça, viu? Te contar. 

Nesse feriado que tive pra chamar de férias, que acabam em exatos 2 dias, consegui ter um pouco mais de perspectiva (acredite ou não, depois de tudo que já te fiz ler nesse mesmo post) sobre coisas que antes me fariam perder o juízo, o rumo, o chão, ou os três de uma vez. As coisas não só mudam como já mudaram, e a gente tem 0 controle sobre isso. Perde-se pessoas e dói, dói bastante, e a pior parte é que é muito fácil achar que já não se tem mais ninguém, mesmo quando pessoas incríveis ainda estão por perto. É uma experiência bem Monet: olhando de perto é uma bagunça, mas se afastando pra observar faz todo sentido.

Sinceramente? Tô muito feliz comigo mesma de ter conseguido me libertar de certas coisas. E mais feliz ainda por ter gente incrível que diz estar orgulhosa por isso. Não costumo sentir orgulho de mim mesma com muita frequência. É bem bom. Mas saber quem as mesmas pessoas que te deram essa perspectiva também torcem por ti e sentem o mesmo também é. 

Achei companheirismo, amizade, e luz (que eu imagino ser esse emoji ✨✨ em forma de sentimento) depois de pensar que não tinha nada além de vazio pra mim. Se isso não for arte se manifestando em ações pra vocês... 



 



Uma das coisas mais preciosas que eu aprendi com a Amanda Palmer - e olha que aprendi muitas coisas com Amanda e confio que ainda aprenderei - é que a gente absorveu e cultivou a ideia de que a única coisa que nos valida como artista é ter um diploma em Artes. Ou performar Artes em algum lugar de renome. Eu ter algo que te dê legitimidade de falar "eu fui ali, naquele lugar importante, fiz aquela coisa importante, portanto, obviamente, eu posso me chamar de artista". Porque, é claro, ninguém sai se denominando médico sem ter feito medicina. A premissa devia ser a mesma. 

Mas nem sempre é.

Arte é sobre criação e sobre sentir. A gente não precisa daquele diploma porque ser artista, segundo a Amanda, e a gente divide o mesmo pensamento, é colocar o que você sente por aí em forma de arte e fazer quem recebe sentir algo de volta. Provocar uma vivência profunda e inesperada no outro é ser um bom artista. Passei bastante tempo procurando algo que eu me achasse boa e foram pouquíssimas as coisas que encontrei. No entanto, todas foram dentro da arte. Se eu quiser dizer que eu sou artista, segundo a Amanda Palmer, eu posso! Não sei quanto à parte de ser boa, mas é bom saber que em algum lugar desse universo eu tenho a possibilidade de ser o que eu gostaria de ser.

Talvez um dia eu seja menos dura comigo mesma e aceite que tá tudo bem produzir coisas ótimas e, em outros momentos, coisas mais ou menos. Tem o Bruno Mars, que trabalhou em Uptown Funk por séculos porque sabia que a música tinha potencial mas tava indo pro lado errado até que terminou e virou o que virou, e tem eu, que sou um trabalho em progresso. Em progresso de aceitar que, talvez, no campo tão abrangente da arte que, inclusive, eu amo tantas coisas, talvez a escrita seja a parte que eu mais fico confortável e nem sou tão sensacional assim. Progresso de aceitar que escrita pode ser arte também, como forma de produção carregada de emoção, por que não?

E aí que vem minha sorte em ter pessoas na minha vida que me dão a luz do emoji. Que chegam pra me dizer que tem coisas interessantes acontecendo ao meu redor, e que eu mesma posso fazer essas coisas. Que eu posso sim produzir algo e que essa produção pode ter uma qualidade. E caso não tenha, pode parecer o fim do mundo pra mim e minha neurose de querer fazer tudo nos conformes, mas pra eles tá tudo bem. Eles não diminuem minha importância simplesmente porque eu tive um momento, bom, humano. E se sentem incomodados quando eu o faço. Eles enxergam meu potencial e consideram até como "arte" antes mesmo que eu dê uma segunda olhada e pense "é, tá mais ou menos". 




Eles - vocês, porque vocês estão sempre aqui - às vezes me oferecem mais do que eu mereço. Se for pra criar uma metáfora bem feia, diria que vocês são um peso de balança que cria o equilíbrio com o meu lado que não sabe lidar com o papel-do-erro, e que acha que tá sendo criticada sempre. Recebo esse apoio, compreensão, suporte e paciência (sim, porque eu sei que não é fácil) com meu coração quentinho e com muito, muito amor. Até porque, como já disse um personagem por aí que se parece bastante comigo: 


"Love is just like art: a force that comes into our lives without any rules, expectations or limitations. Love like art, must always be free."
 

Sendo assim, obrigada por colocar todo o amor do mundo dentro de mim. Espero contribuir com pelo menos um pouquinho de volta pra vocês.

 


 




Coisas aleatórias que amei demais desde nosso último contato mas são tão soltas que não dá pra fazer textão sobre (voltamosssssS)

  • Eu obviamente não amei, só passei 21 minutos puta de raiva, mas esse vídeo aqui mostrando a misoginia escancarada de The Big Bang Theory disfarçada de comportamento nerd justificável
  • Esse post lançando uma problemática leve sobre termos como "love wins" e "love is love" 
  • Esse texto é de 2013 e eu só esbarrei com ele meses atrás, mas é o relato de uma mãe que chama When My Son Met His 'Boyfriend', Darren Criss (sim, é uma fofura!). O que me levou a ler também o 'When Your 7-Year-Old-Son Announces, I'm Gay', que cai como uma luva agora que tá rodando um tweet por aí dizendo que crianças gays são existem, porque aparentemente crianças não tem como saber quem elas são. :)
  • A Amanda Palmer cantando Bad Romance sem fazer a mínima ideia do que ela tá fazendo (acho que essa performance é uma crítica social foda ao mainstream porque é a Amanda, mas eu achei engraçado mesmo)
  • A Cecilia e a Yasmin com newsletter!!!! Nada de aleatório nisso!!! O link tá no primeiro parágrafo desse post!!! 
  • Terminei Grace & Frankie e 1) descobri que sou o Sol e 2) meu spirit animal é a Brianna
  • A Pink e o discurso dela no VMA :') 
  • THE BOLD TYPE. VEJAM. Eu tô um pouco louca por essa série. Se não deu pra notar por todos os gifs que usei nesse post, que são só dela. Inclusive:
  • Usar gifs de uma coisa só em posts.




Eu nem acredito que finalmente parece que tenho uma newsletter completa. Juro que não planejo mencionar arte em todas, simplesmente acontece. Um dia uma vai vir sem a menção da palavra QUE JÁ NÃO DEVE SER MENCIONADA e vou me sentir culpada e vocês vão achar estranho. Até lá, a gente segue como se esse fosse o foco da criação delas. Não aquele quote ali em cima do "divagações e referências".

Eu espero que, caso não absorvendo nada do que eu disse, vocês apreciem pelo menos a imagem com que eu escolho encerrar, porque eu sempre penso muito sobre ela.

Meninas que sempre querem sair deixando uma gracinha no ar. 




até a próxima, 
deni out. 🌻