Finalmente eu quero falar sobre amor romântico
Disclaimer: esse texto pode conter altos níveis de drama que o Ted Mosby provavelmente teria.
Eu nunca tive o famigerado saco pra romance.
É até engraçado falar isso levando em consideração a quantidade de casais que me fizeram sofrer ao longo dos anos - mas ninguém tá debatendo as características dos casais. E deveríamos. Os meus sempre foram os desfuncionais, os que ninguém gostava, os que quase nunca se encontravam e tinham provavelmente 4 cenas românticas juntos, os que tinha pining ou que uma das partes era completamente idiota de não notar que o outro tava apaixonado e, por fim, e dessa vez eu salvei o melhor pro final: os que tinham angst. A parte da dor e daquele sofrimento clichê de chorar na cama agarrada num travesseiro sempre foi minha parte favorita porque era a mais próxima da casinha em todas as minhas (poucas) experiências. A diferença é que angst fictício geralmente tem um final feliz. Eu não sei nem se meu angst real teve um ponto final, pra começar.
Não me levem a mal, a minha falta de saco pra romance nunca foi daquele tipo pré-adolescente que usa preto e vive com um livro na mão (que não é livro de romance) julgando todo mundo que tá procurando namorado aos 12 anos e odiando ouvir falar das festa que tinham um roda-a-roda de beijo na boca pra tirar BV. Eu tenho um ✅ em todas essas características, inclusive na parte de usar preto com muito, muito lápis de olho, mas nunca foi por ser mal amada e sim por querer ser amada. Percebe?
Sempre fui a pessoa mais carente que já conheci na minha vida inteira, daquelas que a amiga não pode arrumar meu cabelo bagunçado pra colocar atrás da orelha que já tô planejando nosso casamento e a cor do nosso jogo de cama. Então nunca foi sobre não querer ter contato com o amor romântico e sim não querer >daquele jeito: o largado, de fazer por fazer, sem ter sentido ou razão. O que é normal pra qualquer pessoa de 12 anos que tá tendo as primeiras experiências e vontades. Mas nunca foi o normal pra mim. Eu não queria o festival perde BV escondido no meio do mato na pizzaria durante o aniversário de alguém da sala, eu queria que alguém me notasse. Que falasse comigo porque queria me conhecer e não porque queria chegar na segunda-feira na escola falando que ficou comigo. (Felizmente eu não tive muito esse problema? Eu ia pra zero festas e tinha zero menininhos interessados em mim. A psicologia provavelmente explica que eu sou quem eu sou hoje por causa do modo como eu cresci.)
Acho que meu erro foi não querer viver a vida real e esperar pela vida dos filmes. Não fazia muito sentido pra mim beijar alguém na boca simplesmente por beijar (e ainda não faz; o nome é demissexualidade: it's a thing, google it). Eu queria o romance, o chamar pro date de fato ter o date. Eu sempre quis todos os clichês do descobrimento e apreciação mútua, que resultasse no tipo de momento Blaine-descobrindo-que-é-apaixonado-pelo-Kurt. Nunca foi sobre não querer e sim sobre querer do meu jeito, o que, parando pra pensar, é uma problemática que me assombra em vários campos da minha vida.
Me pergunto o quanto meu lado sonhador/idealizador me tirou de experiências reais que eu poderia ter tido durante todo esse tempo. É literalmente aquela cena de Love, Simon quando a Leah tá desabafando que não gosta de ser do jeito que é porque ela sente que perde muito ao involuntariamente se reprimir de fazer coisas que sente que não combinam com ela. Foi muito revelador ouvir alguém falando na minha frente que não consegue ser espontânea e que é do tipo que poderia amar tanto alguém que chegaria a sufocar. Porque esse sentimento é muito meu.
"Eu não consigo."
"Não consegue o que?"
"Ser casual."
É isso.
E vem sido isso por bastante tempo agora. Eu não sei simplesmente ser casual e fazer o que as pessoas normalmente fazem sem esforço nenhum. A Leah falou completamente por mim ao dizer que achava que o problema era nela mesmo, porque a festa tava boa, ela tava se divertindo, mas não conseguia parar de sentir que tava lá observando tudo de canto, sem conseguir se envolver por completo. Todas os meus envolvimentos românticos em algum momento acabam se tornando exatamente isso.
Deus abençoe a Jout Jout, que fez um vídeo debatendo questões amorosas justamente quando eu tava com o mesmo questionamento, e também a amiga que disse não ter um corpo feio pra montanha-russa que é paixão porque ela precisa de 100% de estabilidade pra que as coisas funcionem pra ela. Eu literalmente sou essa amiga. Eu não quero e nunca quis a montanha-russa do "ter que fazer pra saber no que vai dar", da incerta, do "será" e do "se". Será que eu falo pra pessoa x que a vejo como mais que amiga? E se eu falar, vai mudar alguma coisa além de me dar um papel de idiota por nunca ser recíproco? E se for recíproco e eu pegar abuso como todas as outras vezes? Será que daríamos certo? Será que eu sei fazer isso, tanto na parte física (que eu perdi a chance de praticar anos atrás) quanto na parte psicológica? No exato segundo que eu termino de pensar esses questionamentos iniciais (veja bem: iniciais. Têm outros.), eu já penso comigo mesma "aff kkk muito trabalho cansei nevermind k bye".
Débora, amiga com quem eu tenho o mesmo número de semelhanças e diferenças, em uma das várias conversas que tivemos sobre a vida, falou que não aguentava a parte do flerte, da conquista, de se apaixonar, do namoro e derivados. "Eu quero casar, eu quero aquele amor do casamento." Não sou tão adepta à casamento, mas entendi o que ela quis dizer. O amor seguro, aquele que fica na linha tênue entre monótono e familiar porque toda a parte da paixão e de descobrimento já foi. Aquele que tem rotina e você sabe exatamente como vai se desenrolar seu dia em relação àquela outra pessoa porque vocês já vêm construindo essa coreografia por um tempo. Com ou sem casamento, era isso que eu queria também. Infelizmente Débora e eu concluímos que não dá pra chegar na fase 2 sem passar primeiro pela fase 1 com zero conhecimento de jogo. Acho que foi por isso que a gente preferiu ficar empacada no menu.
Os meus sentimentos tem uma discrepância tão grande com o que acontece ao meu redor que parece que eu tô procurando me enquadrar numa trope old married couple enquanto todo o resto do mundo tá em plot what plot. Sem querer mencionar tanto o Ted Mosby numa letter só, mas tomando liberdade pra isso, a cena da última temporada no restaurante com a Tracy sempre foi algo que fez muito sentido pra mim. Quando os dois se dão conta que já contaram tudo o que tinham de contar um pro outro e que nenhuma história seria novidade ou descobrimento - tirando as que eles ainda iriam viver juntos -, e ficam felizes por isso!!!!! Porque eles queriam se conhecer ao ponto de não ter mais nada restando pra conhecer!!!! Sério: GOALS.
Relacionamento pra mim é aquele eterno "Deus me livre mas quem me dera". Mas eu quero do meu jeito, e eu acho que, nesse aspecto, deve-me ser permitido um pouquinho de egocentrismo. Minhas tias que nunca casaram geralmente olham pra mim falando que quem muito escolhe sem nada fica. Se for o caso, até prefiro. Já abri mão de muita coisa pra prosseguir em outras que faço/vivo simplesmente por fazer/viver. Eu não quero que >tudo pra mim seja sem sentido ou significado. Basta o que já é. Então eu continuo não tendo vontade de entrar na montanha-russa que é construir algo novo com alguém, porque simplesmente não é pra mim. No entanto, se o Simon não estiver usando a estabilidade e calmaria da roda-gigante hoje esperando o início da great love story dele enquanto todo o resto do mundo fica lá embaixo, por que eu não subiria?
Um texto inteiro que eu posso resumir com uma música só. ¯\_(ツ)_/¯
Depois de uma não-tão-leve crise comigo e minha escrita, onde eu comecei a me questionar se realmente conseguia produzir algo que não fosse medíocre em qualquer área de criação, decidi um negócio: fooooodaaa-seeeeee. Nem sempre eu vou conseguir usar as palavras que eu quero com a profundidade que eu quero e achar que tá bom. E nem deveria. Isso não é uma coletânea de trabalhos do Shakeaspeare, sabe? Sou só eu. E, pra melhorar ou piorar: sou só eu conversando comigo mesma em vossos e-mails.
E vocês vão notar que, infelizmente, minhas conversas comigo mesma tem zero nexo e nunca viram o significado da palavra "conclusão".
O único resultado que veio com essa crise foi que a partir de agora tô incapacitada de reler qualquer coisa escrita por mim, pra evitar desistência. O que significa que não tem mais revisão ou uma consertada posterior. Mas tá tudo bem, não criemos pânico. Ironicamente eu já escrevi sobre ser uma pessoa nível 7.
Em outras notícias, eu não tenho novas notícias. Não quando 100% das pessoas que estão me lendo agora tem acesso ao meu Twitter, meu lugar favorito de expor minha própria vida. Mas isso é bom também. Vide tudo que eu falei acima, não ter nada fora do comum, pra mim, não é tão ruim assim.