happy fucking new year

É incrível o que pode mudar em 1 ano. 

(Esse é mais um texto clichê/reflexivo de fim de ano, porque é o que acontece e aparece nessa época, e eu sou sensível demais pra me deixar levar. Fico um pouco mal pensando "poxa, lá vou eu escrever sobre minha vida de novo, absolutamente ninguém quer saber". Mas aqui eu troco meu constante papel de ouvinte pro de oradora. E as minhas experiências e situações são as únicas que eu conheço. E é isso que eu tenho pra oferecer.) 




Não sei exatamente como ou porque, mas do nada lembrei dessa pergunta no meu Curious Cat do dia 3 de Janeiro de 2017. O que eu sei é que a resposta nunca saiu da minha cabeça porque me assustou. Me assustou pensar, logo no começo, sobre o que esse ano me traria, mesmo que fosse baseado numa brincadeira inofensiva de abrir um livro às cegas pra definir isso. O engraçado de ter ficado com medo do que poderia vir a acontecer com base nessa resposta é que o que realmente aconteceu encaixou perfeitamente nela.

Os últimos 365 dias foram estupidamente intensos.

Eu viajei to where-the-culture-is (lugar que quero estar, assim como a Lady Bird), podendo dividir uma das melhores experiências da minha vida com uma pessoa que eu amo, num lugar que eu amo. Eu e Cecilia, quando vimos aquele episódio de Glee que Kurt e Rachel invadem o teatro de Wicked na Broadway pra cantar For Good, falamos que faríamos o mesmo um dia. Nossa viagem pra São Paulo é o equivalente a Kurt e Rachel em NYC e, muito embora não tenhamos invadido teatro algum, no meu coraçãozinho eu poderia começar um dueto espontâneo de For Good para e com ela a qualquer momento. Eu conheci gente que me devia um abraço há anos, tamanho o tempo que estavam na minha vida mas sem a possibilidade de olhar olho no olho. Também conheci gente que nunca tinha trocado mais que 3 palavras, mas hoje sei que, quando eu voltar, serão as primeiras que irei chamar. Conheci gente que eu queria, conheci quem eu não sabia que queria conhecer e conheci até quem eu definitivamente não queria. 

Eu respirei pura arte e fiquei em contato direto com artistas por dias. Eu andei museu após museu, analisei de Van Gogh à Tarsila do Amaral. Eu ouvi histórias de gente que hoje está onde eu só sonho em chegar nos meus devaneios. Eu vi musicais ao vivo depois de anos. Eu fiquei bêbada pela primeira vez mesmo dizendo que não estava. Eu ri bastante. 

A diversão é tudo. E, mesmo assim, continuei sentado ali, repetindo a mim mesmo: não estou feliz. Não estou feliz.  

Eu também chorei bastante. Foi um ano, como sempre quis a Kylie Jenner, de descobrir as coisas. Descobri que, mesmo com experiências incríveis que marcaram a minha vida, eu não estava feliz. Descobri que meus pensamentos poderiam ser tóxicos a mim mesma. Descobri que não tem nada poético (ou sexy, como diria uma canção de Crazy Ex-Girlfriend) em querer literalmente morrer, ou ter vontade de qualquer coisa próxima a sumir do universo sem sentir dor. Tive o pior aniversário da minha vida. Os piores períodos da faculdade, ao ponto de chorar todo dia depois da aula, como se a vida fosse um último ano do Ensino Médio de novo. Descobri que nada disso era normal e eu precisava de ajuda, e que o interessante sobre isso é que a ajuda que você precisa raramente vem de quem você um dia esperou que viesse, ou de quem você queria que estivesse ali pra te ajudar. Eu perdi muita coisa, mas muita coisa mesmo. Perdi coisas que eu achava que precisava ter por perto pra que eu funcionasse.




E parando pra olhar agora, tudo isso junto num pacote foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido num universo de 12 meses. Nunca aprendi tanto sobre a vida real, sobre mim mesma, sobre a importância de desabafar e compartilhar sua dor quando você não aguenta mais fazer isso sozinha do que nos últimos 365 dias. Eu consegui minha ajuda, e aceitei ela do jeito que ela veio e de quem me deu, porque não tinha mais como esperar isso de quem nunca iria me oferecer. Levei a sério meu tratamento, sem demonizar medicação. Eu fui pra um Congresso de Direito e fiquei realmente satisfeita de estar ali. Eu ganhei a tão desejada LIBERDADE™,  dentro dos limites. Eu ganhei um carro, ganhei um irmão mais novo, ganhei uma banda.

Em contraste às pessoas que perdi, eu conheci e ganhei muitas outras. Não que ninguém substitua ninguém, porque, pra quotar aquele filme, "todo mundo é feito de detalhes específicos", mas tem sido uma experiência incrível analisar tais detalhes que nunca tinha tido contato antes e juntar com os meus.

Infelizmente a gente aprende que a vida real não é uma série. Não dá pra querer medir nossos anos como se fosse uma temporada fechada de 13 ou 24 episódios, e analisar o que aconteceu em 12 meses só pelos específicos de situações boas ou ruins. Não tem showrunner nenhum escrevendo nossa história, mas se tivesse, eu preferiria um desenvolvimento de personalidade à uma trama previsível cheia de fan service. Por sorte, meu character development foi incrível. E fui eu mesma que escrevi.

Esse ano não foi sobre os momentos bons se sobrepondo aos momentos ruins ou vice versa. Foi sobre tudo que eu tirei do conjunto deles, e sobre a pessoa que me tornei. Em Janeiro, se alguém me colocasse de lado, eu só confirmaria meus próprios pensamentos sobre o quão inútil e substituível e não-o-suficiente eu sou. Hoje, se alguém me fala ou demonstra silenciosamente que sou necessária de alguma forma, minha reação é basicamente essa: 




Eu sempre admirei muito aquela frase "eu conheço o meu valor, a opinião dos outros não me importa" da Peggy Carter. E eu sempre reproduzi, mais como um mantra de algo que eu queria acreditar um dia do que algo que eu realmente sentia. E hoje, depois de tudo, eu acredito. Eu não só vivi os últimos 365 dias, eu literalmente sobrevivi os últimos 365 dias, e, com tudo que eu aprendi, sei que conseguiria fazer de novo.

Em outra pergunta no meu Curious Cat de Janeiro sobre "o que eu esperava de 2017", eu respondi "autoconhecimento". Além de um ano cheio de luz e feitos incríveis, é o que eu mais desejo pra todos vocês. Funciona, e é lindo. Conheçam seu valor, mesmo que os outros não reconheçam. E, se algum dia o Darren Criss chegar pra vocês falando o quão sortudo ele é de ter alguém assim na vida dele, a resposta é sempre a mesma: Sim, é verdade. 

 


Esse ano eu também criei uma newsletter, e sou grata demais por ter pessoas tão amáveis por perto, que tiraram um tempinho pra ler e elogiar minhas palavas, fizessem elas sentido ou não. Eu escrevo o que não consigo mais guardar pra mim, e se eu consigo tocar pelo menos uma pessoa no processo... já é mais do que eu poderia pedir. 

Feliz ano novo, chuchus!! Obrigada por terem chegado e me acompanhado até aqui. Que 2018 não seja apenas suave com vocês, porque a gente não aprende só com a calmaria. E boa sorte.



(P.S.: Mesmo sendo a cópia em personalidade de Kurt Hummel, minha ficha sobre como esse ano foi na verdade a pretty good year pra mim não caiu quando o Darren Criss finalmente disse que me amava. Mas nunca vou ter palavras pra agradecer pessoas de alma bonita que entraram na minha vida dando um pouquinho de amor todo dia e, consequentemente, me ajudando a ver que eu mereço, sim, amar e ser amada. Então, como de costume, Kurt: de certa forma, eu te entendo.)
 

 
até a próxima, 
deni out. 🌻